A minha relação de amor & ódio com a musculação

Eu já comentei aqui sobre como comecei a treinar às 5h da manhã e como hoje em dia isso me faz bem.

Hoje é dia de contar como que eu descobri que gosto de musculação. Mas leia-se "gosto" mesmo, não "amo". Amar, eu amo a minha mãe, não ficar levantando peso na academia...

Bom, minha história com exercício físico num geral foi: comecei fazendo Jump e realmente achava muito divertido, tentei fazer musculação e achei um saco. Fiz Muay Thai durante dois anos e amava, mais tarde voltei (meio que obrigada) para a musculação porque estava passando por um processo de emagrecimento e iria me ajudar... fiz mais algumas coisas durante a vida, tipo dança e spinning, mas desde 2016, musculação é o principal exercício que eu faço.

Lembro que, quando comecei o meu processo de emagrecimento pós-bariátrica em 2016, assim que o médico me liberou para fazer exercícios, eu fui. Na época, eu trabalhava das 8:00 às 18:30 e estudava das 19:00 às 22:45, então o horário "livre" para me exercitar, era o horário do almoço. E aí eu e mais duas colegas de trabalho, começamos a frequentar uma academia pertinho do escritório entre 12:00 e 13:00.

Cheguei lá e falei para o William, o instrutor, que eu odiava musculação e que só estava lá porque era obrigada. Pois acho que virou um objetivo dele me fazer gostar, então ele preparava meus treinos, me ensinava o que eu tinha que fazer e de tempos em tempos me perguntava se eu já tinha aprendido a gostar daquilo.

Quando eu já tinha perdido bastante peso e já fazia tipo um ano que eu estava frequentando a academia assiduamente, ele me perguntou de novo se eu já estava gostando de fazer musculação e lembro que a minha resposta foi: eu não odeio mais.

Por muito tempo eu disse isso.

Os anos foram se passando, troquei de emprego e de academia, mudei de país, fiquei longos períodos sem fazer exercícios físicos. Enfim, parei e voltei diversas vezes, mas sempre voltei.

O fato é que eu fazia musculação por algumas questões e nenhuma delas envolvia "gostar" no meio. Era por saúde, era por causa das dores no meu joelho, era por causa da postura, era por estética, etc, etc.

E eu sempre admirei quem dizia que "ama fazer musculação", que "não consegue ficar sem" ou que "sente falta", eu queria ser essa pessoa. Porém nunca cheguei lá.

Eis que há alguns meses, eu estava conversando sobre isso com uma amiga, ela odiava fazer musculação até pouco tempo atrás, e nessa conversa ela me disse que hoje em dia ela gosta. E aí eu falei que "eu não odeio", só que isso não me pareceu suficiente e me deixou pensativa. 

Vamos lá, entre idas e vindas, fazem quase dez anos que eu treino, será mesmo que eu só "não odeio"?! 

E aí fiquei pensando nos exercícios isoladamente, uns que eu gosto e outros que eu não gosto de executar. Fiquei pensando no hábito de ir de manhã cedo e em como me faz bem, nos resultados que o espelho mostra e como eu gosto disso, etc. E foi nesse dia que eu cheguei a algumas conclusões. 

A primeira delas é que eu gosto de fazer musculação, gosto de me desafiar, gosto de mudar meus treinos, aprender coisas novas ou aumentar um peso e me sentir mais forte, gosto inclusive de executar determinados exercícios. Mas o que eu realmente gosto é da sensação de "dever cumprido" quando acabo. 

A segunda é que eu não amo, não é algo que eu não viva sem, apesar de eu estar há muitos meses indo religiosamente sem faltar, se eu tiver que ficar uma semana ou um mês sem ir, eu provavelmente sobreviveria tranquilamente. 

E a terceira é que talvez eu nunca vá amar e estou bem com isso. O que me faz ir sempre e me fez começar a gostar é a minha disciplina, não "amor". 

Então, talvez eu tenha me tornado aquela pessoa que eu queria ser, só não pelos mesmos motivos. Eu não posso dizer que "vou na força do ódio", porque eu realmente não odeio. Mas eu vou na força da minha disciplina. 

Nem tudo o que a gente faz todos os dias a gente ama, às vezes a gente só faz o que precisa fazer e é lógico que é melhor fazer isso gostando do que detestando. Mas se não gostar, tá tudo certo também, a gente gosta é das consequências: o bíceps que parece um pãozinho aparecendo, o ombo desenhadinho, o bumbum empinado, etc.

Seria melhor ter tudo isso sem esforço? Lógico que seria. Mas a vida não é um morango e eu já consigo ficar satisfeita em gostar e não ser mais só uma obrigação.

E eu sei que ninguém se importa se eu faço os meus exercícios gostando ou não, mas queria saber de vocês, se quiserem compartilhar comigo: vocês já se tocaram alguma vez de que algo que vocês faziam por obrigação acabou virando algo que gostam de fazer? Vai que ler esse meu texto faz você pensar em algumas respostas para essa pergunta né?!

Um beijo,

Luísa