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Reflexões de uma ex-pinguça (?)
Hoje eu vim escrever um pouco sobre como "me tornei uma idosa"... 😁
Eu gosto muito de uma cervejinha e não vou falar desde quando, porque acho que não era nem legal na época que comecei.
Brincadeiras à parte, de uns tempos para cá eu comecei a perceber a mudança do meu pensamento e comportamento em relação à bebida alcoólica.
Quando fiz a minha cirurgia bariátrica, em Dezembro de 2015, eu assinei um termo que me comprometeria a ficar um ano sem beber. Meu médico queria que eu não voltasse a beber nunca mais, porém um ano era o "mínimo".
Lembro que essa foi uma das coisas mais difíceis de pôr na balança na hora de decidir sobre a cirurgia: ficar um ano sem a minha cervejinha, como assim?!
Eu estava solteira na época e saía absolutamente todos os finais de semana, e assim eu me mantive. Então, o ano passou e, não vou dizer que foi fácil, mas foi possível e acabou se tornando fácil do meio para o final.
No dia que fiz a consulta de um ano, eu cheguei em casa e coloquei uma cerveja para gelar. Obviamente, tomar aquela cerveja depois de um ano sem álcool e com o estômago menor já me deu uma tonturinha.
Enfim, o tempo se passou, eu voltei a beber aos poucos e acredito que voltei a beber a mesma quantidade de sempre. Eu sou do tipo que gosta de cerveja e uma tequila de vez em quando. Não curto drinks doces, vodca com energético, vinho, espumante, etc. Sou básica, a cervejinha já me faz feliz.
Pois bem, mais um tempo se passou, algum reganho de peso, bebendo todos os finais de semana, até que, em 2022, fiz uma dieta onde perdi 14 kg. Lógico que tive que parar de beber para ter esses resultados. E foi aí que eu tive a certeza de que parar com álcool realmente influencia demais nos nossos resultados quando o assunto é emagrecimento, pois eu já tinha feito dieta antes, mas sem querer abrir mão da cerveja aos finais de semana... Então, claro que tudo o que eu conquistava de resultado durante a semana, eu colocava fora no sábado e domingo.
Depois da perda de peso, na fase de manutenção, eu voltei a beber, mas agora com mais consciência. Não queria ficar para sempre sem beber, mas também não queria recuperar o peso perdido e os hábitos anteriores. Passei então a beber água junto com o álcool, o que me ajudou bastante a beber menos e não ter ressaca no dia seguinte.
Nesses períodos (o um ano da primeira vez e os três meses da segunda) que fiquei sem beber, fui descobrindo uma Luísa que não precisa beber no rolê para se divertir - o que antigamente era impossível na minha cabeça.
Como a grande maioria das pessoas (acredito eu), eu associava a minha diversão à quantidade de álcool que estava tomando.
Não me entendam mal, eu ainda amo a minha cervejinha, tem dias que chego em casa com água na boca por uma. Mas eu entendi que não é isso que me faz ou não ir aos rolês ou que me faz curtir ou deixar de curtir eles.
Uma grande prova disso foi quando, em Março de 2023, eu fui a um festival de música eletrônica por três dias. Fomos eu e o meu marido no Ultra Music Festival em Miami, era um sonho dele. A festa era sexta, sábado e domingo, começava a uma da tarde e ia até meia-noite. E era só música eletrônica, o que não é a minha praia.
Chegando no festival, a latinha de cerveja era caríssima e não vinha gelada - eu não consigo entender até hoje o conceito de "cold beer" desse pessoal aqui. Eu gosto de cerveja trincando de gelada, mas eles gostam em temperatura ambiente. - Na hora, eu pensei no tanto de dinheiro que iria gastar para tomar cerveja quente. E descobri que eu sou mais pão-dura do que cervejeira.
Fiquei os três dias sóbria no festival, na base da água e energético. E eu me diverti para caramba! Adorei ter ido, mesmo sem ser um estilo de música que eu consumisse. Conheci pessoas legais, conheci artistas novos para mim, músicas, dancei para caramba, enfim, curti todos os dias do início ao fim! Foi realmente uma experiência sensacional e que eu jamais planejei viver!
E me dei conta de que realmente a minha relação com o álcool mudou ao longo dos anos. Eu costumava ser a pessoa que passava a semana esperando pelo final de semana, e os planos para ele giravam em torno de onde iríamos beber: se era na minha casa, na praia, numa festa, num bar. O plano era beber.
Hoje, eu já vejo que, para mim, beber é a consequência, não o plano. O plano é ir para a praia, reunir os amigos em algum lugar, fazer isso ou aquilo e, se eu estiver afim, beber.
Como ultimamente estou lutando contra a balança novamente, decidi dar um tempo no álcool de novo. E eu estou super ok com isso, mas sinto que algumas pessoas ao meu redor é que não estão. Algumas já desistiram de falar (amém! hehe), mas volta e meia tem uma que fica: "Como tu consegue?", "Por quê?", "Nossa!", "Ai, eu não consigo não beber", como se a vida não tivesse outro sentido, sabe?! Acredito que esses comentários venham justamente de pessoas que planejam a vida como eu planejava: passam a semana esperando o final de semana para beber e fazer mais alguma coisa em consequência disso.
E eu não estou aqui falando "Nossa, eu sou um ser evoluído e essas pessoas são todas erradas". Não tem certo e errado, tem o que funciona para a gente.
Mas resolvi escrever essas reflexões, depois dos últimos acontecimentos, de ouvir tantos comentários e também de conversar com algumas pessoas no privado que pensam igual a mim. Só que a gente não pode falar isso em voz alta, né?! Aparentemente, não fazer questão de beber é um pecado, é um sinal de que estamos velhos, somos chatos, não temos alegria de viver, não aproveitamos, sei lá... hahaha
"Ai, Luísa, mas você está falando que não gosta que comentem quando você não quer beber, mas está julgando quem quer beber sempre". Não, não escrevi esse texto para julgar, mas vim propor a reflexão, sabe?!
Quando você diz "eu não consigo" ou "eu preciso", será mesmo?! Não estou dizendo para ninguém parar de beber não, nem eu mesma pretendo parar. Apenas para pensar sobre essa nossa cultura de "endeusamento" do álcool, de "só bêbado tem história ou se diverte", essa coisa de colocar ele no centro das atenções e dos nossos planos quando o assunto é "curtir".
Sei lá, viajei aqui... E convido vocês a viajarem um pouquinho também, não vou chamar ninguém de velho se vier comentar que nem sempre bebe, prometo. 😋
Um beijo,
Luísa
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O ambiente que nos cerca influencia muito. Ter pessoas a sua volta que compartilham e incentivam certos hábitos pode facilitar ou dificultar a mudança. A geração de dopamina no cérebro quando bebemos ou comemos algo que gostamos gera uma sensação de prazer que acaba nos tornando escravos desses hábitos. Cultivar uma alimentação saudável requer foco e dedicação, mas acima de tudo comemorar os micro resultados adquiridos. Entre os benefícios de uma rotina de exercício e alimentação estão a diminuição de inflamação no corpo, melhora na capacidade cerebral e cognitiva, melhora no físico e consequentemente auto estima, diminuição na chance de problemas de saúde, etc. Crie o hábito de comemorar cada evolução, cada centímetro perdido e e melhora na saúde. Você só precisa viver o hoje, faça o que é preciso ser feito, um dia de cada vez, todo o dia, e quando você menos esperar isso vai virar um hábito. Parabéns pelo texto e obrigado por compartilhar a sua história, que ela incentive pessoas a mudar suas vidas para melhor!
ResponderExcluirÉ isso aí, perfeito! Por aqui, sigo tentando me preocupar só com o hoje. Tem dias que são mais difíceis, tem dias que são mais fáceis, mas o importante é ser constante e não parar. 💪
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