Sobre a minha relação com o açúcar

Hoje eu vim escrever um pouco sobre um assunto não tão fácil para mim: a minha relação com a comida. Mais especificamente com o açúcar.

É um pouco difícil para mim falar sobre isso por várias questões e a maior delas é a vergonha.

Eu não sei se vocês já se sentiram assim em relação a alguma coisa na vida, mas eu me sinto controlada, como se eu fosse uma dependente mesmo. E eu detesto esse sentimento.

Eu luto contra a balança há muitos anos. Já fui a pessoa que era apenas "acima do peso" e sofria com o efeito sanfona, mas também já fui a pessoa que pesava 115 kg. Aliás, atualmente, meu maior medo é ser essa pessoa dos 115 kg de novo.

Durante todos esses anos eu já fiz todas as dietas que vocês possam imaginar, das mais restritivas às mais liberais. E a minha dificuldade é sempre a mesma: o açúcar.

"Ah, mas não compra, não tenha em casa." Eu já não tenho. "Ah, mas é só comer em pequenas quantidades que você melhora sua relação com a comida." Eu não consigo comer em pequenas quantidades. Eu sou a pessoa que come o pacote de bolacha inteiro, a barra de chocolate toda, etc. Enfim, já ouvi as soluções de todo mundo.

E para mim, estar escrevendo sobre isso hoje já me deixa com vergonha. Admitir abertamente que eu não tenho controle sobre um determinado alimento e que ele tem o controle sobre mim é vergonhoso. Porque, para algumas pessoas, a solução é tão fácil: "é só não comer". E, para mim, infelizmente, não é tão simples assim.

Eu já conversei com algumas amigas sobre isso e sobre ter essa vergonha porque eu me sinto como se eu fosse uma dependente química. Muitas vezes eu não estou nem pensando; quando vejo, estou ali comendo – veja bem, eu já fiz todo o caminho de ir a algum lugar, comprar, abrir o pacote e comer, e não me dei conta do que estava fazendo.

Provavelmente, para algumas pessoas que vão ler esse texto aqui, isso vai parecer uma grande bobagem, mas eu espero que alguém se identifique, até para eu saber que eu não sou a única.

Não sei bem ao certo o porquê dessa minha relação com o doce, mas acredito que são coisas que vêm desde a infância, quando o chocolate é a recompensa. Se comer tudo, você ganha; no passeio legal do fim de semana, você ganha; nas comemorações de aniversário, etc. A comida não é apenas alimento, é socialização, tradição, recordações; a gente acaba criando memórias afetivas com alguns alimentos, muitas vezes. E tá tudo certo. O problema é quando você se sente assim como eu, fora do controle da situação.

É frustrante, muitas vezes, você perder para um chocolate. Você dizer que não vai fazer e fazer. E também é difícil explicar porque eu "só não como".

Agora, no mês de julho, eu decidi ficar os 31 dias sem doces. O primeiro dia já foi difícil e eu sei que muitos dias difíceis virão. Algumas pessoas vão vir me dizer que não é assim que eu vou melhorar a minha relação com o açúcar, e elas podem estar certas. Mas foi assim que eu escolhi recomeçar (sim, recomeçar, pois eu já tentei melhorar essa relação muitas e muitas vezes).

A minha expectativa com esse desafio é mostrar para mim mesma que quem está no controle sou eu, que eu disse que faria e fiz, que eu consiga cumprir um compromisso que eu fiz comigo mesma. E, a partir daí, eu consiga continuar e ter uma relação mais saudável, apenas comendo como "uma pessoa normal".

Enfim, o texto de hoje não tem uma conclusão; ele é mais um desabafo meio triste mesmo. Se alguém aí tiver essa mesma sensação, seja com isso ou com qualquer outra coisa, e quiser trocar uma ideia, estamos aí.

Um beijo,

Luísa